sexta-feira, 3 de abril de 2015

Palavrão do mês (passado): ECTÓPICA!

Não sou adepta da exposição demasiada da vida privada na internet, e como tal não me vou alongar em explicações ou pormenores. Também não vou partilhar tristeza ou frustração pelo sucedido, não estou deprimida nem sequer me questiono o porquê de ter acontecido exactamente comigo. Aconteceu. Ponto.
Considero que esta é a melhor forma de encararmos tudo na vida, e a única que nos permite seguir em frente com o mínimo de danos.
Ainda assim, não consigo deixar de partilhar uma lista dos comentários e perguntas que nunca, mas nunca mesmo, deverá fazer a quem passa por uma gravidez ectópica, com trompa rota e cirurgia para a sua remoção.
Deixo também a lista de respostas, que nem sempre consegui não verbalizar.

E agora? Vais poder ter filhos depois disto?
Estou bem, obrigado por perguntares e por te mostrares tão preocupada comigo! Podia ter morrido, mas que é que isso interessa? Afinal o importante é procriar!

Então, mas depois disto, continuas grávida?
É... tiraram o feto de onde estava e guardei no bolso!

Eu sei bem o que estás a passar.
Ai sabes? Telepatia? Não não sabes! Não passaste por isto, logo não sabes!

Eu também já sofri um aborto...
E eu com isso? Estar numa cama toda empenada e ter que ouvir as lamentações dos outros é que ninguém merece!

Ui... Eu também tive o meu filho de cesariana e a recuperação custa muito!
Queres mesmo que te responda?

Ectópica? Eu nem sabia que isso existia!
Ok... Estou empenada, mas ainda tenho que dar explicações pormenorizadas da "coisa esquisita e anormal" que tem um nome que meio mundo nem diz correctamente. Tu mereces :D

Estavas de quanto tempo?
E o que é que isso interessa? 

O bebé estava vivo?
Não queres também saber se era menino ou menina e com quem era parecido?

E podia continuar a alongar a lista! As pessoas não têm verdadeiramente a noção da figurinha que fazem. Honestamente, há momentos em que apetece partir para a violência física, para combater a violência psicológica que sofremos por parte das pessoas à nossa volta, que para piorar julgam estar a fazer uma grande coisa.
Para quem me lê, e que me desculpe quem pensar de forma diferente, um alerta em relação aos comportamentos que temos com quem está doente, ou fisicamente debilitado por uma cirurgia, ou parto ou o que seja:

Uma visitinha não sabe sempre bem! Não sabe mesmo. Porque não é só uma visitinha. É uma visita atrás da outra, a querer saber o que se passou, a querer saber pormenores e a fazer perguntas, nem sempre fáceis de digerir.
É estar a tentar superar um problema e entrar uma pessoa atrás da outra com cara de enterro e ainda teres que consolar as visitas.
É estares debilitada fisicamente e teres a casa em pantanas de manhã à noite porque é um entra e sai que mais parece o hipermercado em dia de 50% de desconto.
É saírem todos com o desejo de rápidas melhoras, que descanses e não abuses, mas ninguém se lembrar que passas o dia a fazer sala a visitas e a servir cafés. Descansar é quando? Quando se te entopem a casa de manhã à noite?
Numa fase inicial deixem as visitas para as pessoas mais próximas. Aquelas que quando vão, têm intimidade suficiente para ajudarem com as tarefas e a quem não seja preciso fazer sala.
Não apareçam sem avisar, pode não ser oportuno.
Se não são assim tão próximos, vão telefonando e deixem a visita para quando a pessoa esteja mais recuperada e vos possa receber bem e sem tanto esforço.
Se no dia-a-dia não ligam nenhuma a essa pessoa, nem vão com a cara dela, não apareçam! Deixem-se estar no vosso canto. Aquilo que menos se precisa é de fazer fretes com pessoas que sabemos que se estão nas tintas para nós e só aparecem para inglês ver, ficarem bem na fotografia e levarem as cusquices em primeira mão para contarem a terceiros.

No meu caso, obrigado aos que não apareceram e estiveram sempre comigo.
Obrigado aos que apareceram e me ajudaram, pois são momentos em que a ajuda é uma dádiva. Obrigado aos que vieram, comeram e beberam e deixaram lixo para limpar, como se tivessem sido convidados para um lanche em dia de festa, já que na realidade ou aproveitavam assim, ou convidados nunca seriam. Obrigado por reforçarem o valor dos primeiros e dos segundos!
E obrigado aos que ficaram de aparecer mas perceberam que não eram bem-vindos. O meu sincero obrigado por terem feito algo por mim.

Uma palavra para quem passou por uma gravidez ectópica. Mesmo que vos pareça, não é o fim do mundo! Somos muito mais que as adversidades que a vida nos impõe.
A vida é em frente e devemos seguir sem olhar para trás, porque do que se passou já fica a memória.

sábado, 31 de janeiro de 2015

Natas! Quem já comia?



Individuais ou em tamanho gigante, quem não gosta de uma natinha?
E nata pois sou nortenha, e aqui é assim que lhes chamamos.
O cheiro inunda a casa de ponta a ponta, atrai até o nariz mais distraído. O paladar... hum... Sou suspeita, mas nada que possa dizer será comparável a dar-lhes uma trinca!
Receitas há inúmeras, cada uma com um pormenor diferente da outra. Nada como ir testando até ao dia em que fazemos a combinação perfeita. Eu já a encontrei...